Há seis anos exponho minha produção no mês de Novembro. No ano passado, fiz uma edição especial também no mês de Abril.

É uma ocasião para mostrar as novidades do meu trabalho, em um ambiente descontraído e agradável. Além de adquirir peças legais, as pessoas podem encontrar amigos, ouvir uma boa música ao vivo e degustar aperitivos gostosos.

Este ano, realizarei a exposição no mês de Abril novamente. Será no dia 28/04 (Domingo), com visitação das 10h00 às 20h00, no meu Atelier em Sousas/Campinas.

Espero vocês!

A argila é um material proveniente da decomposição, durante milhões de anos, de rochas feldspáticas e se espalha pela superfície da terra chegando a 75% das rochas sedimentares do planeta. É um silicato de alumínio hidratado, composto por alumínio (óxido de alumínio), sílica (óxido de silício) e água.

As argilas se classificam em dois tipos: Argilas Primárias e Argilas Secundárias ou Sedimentares. As primeiras são formadas no mesmo local da rocha mãe, encontradas em minas subterrâneas ou jazidas e foram pouco atacadas pelos agentes atmosféricos. Possuem partículas mais grossas, coloração mais clara e são pouco plásticas, porém possuem grande pureza e alto nível de fusão. O caulim é uma das argilas deste tipo.

Argilas secundárias ou sedimentares são as que se encontram a céu aberto, porque foram transportadas para mais longe da rocha mãe, pela ação da água, do vento ou desgelo. A água tritura a argila em partículas de diferentes tamanhos, fazendo com que as mais pesadas se depositem primeiro e as mais leves se depositem no decorrer do caminho em lugares mais baixos, e com pouca movimentação de água. O tamanho das partículas e os restos de material orgânico e impurezas que são agregados no trajeto, acabam dando mais plasticidade à argila e definindo sua cor, geralmente mais escura.



A plasticidade das argilas acontece porque as partículas têm o formato de lâminas, que deslizam umas sobre as outras em contato com a água. Com pouca água a argila fica dura e quebradiça, com água  demais fica mole e pegajosa.

A argila quando retirada dos leitos de rios e lagoas é bastante plástica, mas normalmente contém impurezas e não aguenta temperaturas elevadas. Normalmente é queimada em fogueiras ou fornos primitivos. É a chamada argila natural.

Um dos exemplos é a argila usada no artesanato indígena, pelas paneleiras do Espírito Santo, na cerâmica do vale do Jequitinhonha e também para a produção de tijolos e telhas.

Quando a finalidade é a vitrificação, comumente chamada de esmaltação, ou queimas com temperaturas mais elevadas, ou mesmo finalidades ou efeitos específicos, as argilas têm que ser preparadas através de processos mecânicos e químicos. Impurezas são retiradas e componentes acrescentados, de acordo com sua aplicação. Neste caso, denominamos massas cerâmicas. Só como exemplo temos o grés, faiança, porcelana, terracota, e outras tantas mais com caracerísticas de resistência, plasticidade e cor bem diferentes.

Com a queima, a argila adquire rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da massa. Via de regra podemos dizer que quanto maior a temperatura de queima, mais as moléculas estarão unidas, portanto maior a densidade da peça cerâmica, e consequentemente maior é a resistência e impermeabilidade.






 Há diferentes tipos de massas cerâmicas. Cada uma com características especificas de resistência a temperatura, porosidade e cor. As mais comuns são:

Terracota - argila sedimentaria, rica em compostos de ferro que lhe dão a cor vermelha característica. São bastante plásticas e resistem à temperaturas de até 1100 graus.

Grés - é uma argila plástica feita de pasta de quartzo, feldspato, argila e areia de coloração variável que vai do marfim ao marrom avermelhado. Por apresentar uma textura quase compacta, tem baixa absorção de água.

Faiança - louça fina obtida de pasta porosa cozida a altas temperaturas, envernizada ou revestida de esmalte sobre o qual pintam-se motivos decorativos.

Porcelana - preparada a partir de uma mistura de caulim, feldspato e quartzo, queima a temperaturas de 1300 graus e se distingue de pela cor branca as vezes translucida. Por sua isenção de porosidade, adquire dureza e resistência inigualáveis.

Mandala em Terracota









Sempre que o trabalho envolver queima, quer seja por volta de 800 graus para queima de biscoito, quer seja entre 980 à 1300 graus conforme a temperatura do vidrado, é necessário amassar bem a argila. Mesmo para as argilas já processadas que costuma-se comprar em pacotes com 10 kg e já foram compactadas e homogeneizadas. As partículas de argila, que têm a forma de minúsculas lâminas, tendem a colar umas nas outras e precisam ser “acordadas”.

Também é muito importante eliminar todas as bolhas de ar. Durante a queima, o ar e os gazes que se formam têm que ser expulsos da peça. Se o gás não consegue sair, a peça incha e trinca ou pior: explode!




Utensílio Doméstico de Cerâmica em Alta Temperatura
A escolha da argila é fundamental para o sucesso do trabalho que se propõe. Muitos ceramistas extraem e processam suas argilas para obter qualidades e características bem específicas. Dependendo do volume a ser utilizado é um trabalho duro e exaustivo.

Existe no mercado uma quantidade grande de tipos, cores e texturas de massas cerâmicas que variam conforme o fabricante. Sua conservação pode ser muito longa se a embalagem de plástico permanecer bem fechada e o lugar de armazenagem for fresco ao abrigo do sol. Para a queima que faço a 1280 graus utilizo grés, porcelana e paper clay.

Uso grés marfim para peças utilitárias e detalhes de acabamento como luminárias, cubas e tozetos. A 1280 graus essa massa apresenta grande resistência e pouca porosidade. Há vários anos utilizo as cubas feitas por mim em casa e estão como novas. O piso do atelier também tem detalhes que não apresentam nenhum desgaste. Com alguma frequencia uso grés acrescido de chamote. 

Chamote é a cerâmica queimada em alta temperatura, moída e reduzida a pó ou pedaços com granulações muito pequenas. Acrescentado à argila confere maior estabilidade diminuindo seu coeficiente de retração na secagem, o que minimiza os riscos de trincas. Utilizo para peças grandes, principalmente esculturas, quando quero uma superfície mais áspera e de aparência rústica.

A porcelana eu utilizo para peças utilitárias delicadas ou para as bijuterias. A porcelana canadense é plástica, tem pouca retração na secagem e apresenta resultados muito bonitos tanto com aplicação de vidrado quanto sem.

Paper clay é a mistura de celulose (diferentes tipos de papel reciclado podem ser usados para resultados  diferentes) na massa cerâmica a fim de obter mais plasticidade e menos peso, pois a celulose usada na composição da massa incinera-se durante a queima. Uso paper clay para peças delicadas que exigem grande maleabilidade e resistência.

Além da escolha da argila, o armazenamento, a forma de amassar, a modelagem e a secagem das peças, sem falar é claro na queima, são etapas essenciais. Mas disso, falaremos mais tarde.
mandala em grés com queima a 1280 graus


Compartilho aqui, algumas referências para quem busca mais informações sobre argila:

Referências:
CHAVARRIA, Joaquim. The Big Book of Ceramics : A Guide to the History, Materials, Equipment and Techniques of Hand-Building, Throwing, Molding, Kiln-Firing and Glazing Pottery and Other Ceramic Objects. Spain: Watso Guptill, 1994.

WANDECK, Renato, “Be-a-ba  da cerâmica”, ceramicanorio. Disponível http://www.ceramicanorio.com/beaba.html

SANTOS, Ártano, “ As argilas como matérias-primas cerâmicas” Arquivado no curso de Engenharia Civil na UFBA. Disponível http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAh5cAE/as-argilas-como-materias-primas-ceramicas

Textos de interesse:
Veja alguns locais, onde encontrar e comprar a argila perto de São Paulo:
R. Jorge Tibiriçá, 565 - Vila Mariana,  São Paulo, SP, Fone (11) 3873-2325

Argilas Rezende
R Artur Lugli 79 - Jardim Alto Colina, Valinhos, SP , Fone (19) 3871-7448

PSH Brasil Ltda
Rua Antônio Haddad, 201, Parque Via Norte, Campinas, SP , Fone (19) 3245-1869


A cerâmica é a arte de moldar, secar e queimar argilas. A resistência da cerâmica, depende do tipo de argila, mas principalmente da temperatura de queima

A cerâmica de alta temperatura, conhecida em inglês como stoneware hoje está presente nos mais variados países do mundo. Mas foi na Asia que esta técnica teve origem e é de lá que vem a tradição e grande parte do conhecimento que temos hoje.

No Brasil, vários ateliês trabalham com queimas superiores a 1200graus. Cada um tem seu estilo próprio, tanto na escolha das argilas, nas características da modelagem, no tipo de queima, e na composição dos vidrados (esmaltes).